quarta-feira, janeiro 28, 2009

Património Arqueológico da Golegã

Escrito por Webmaster
29-Jan-2008


O Vereador Carlos Simões solicitou ao executivo na última reunião de Câmara de 23-01-2007, informações relativas ao património arqueológico do Concelho e acesso à documentação existente na Câmara sobre o mesmo, nomeadamente o associado à Via Romana XVI, que passaria por Entroncamento, Golegã (na Qta. dos Álamos fica a Villa de S. Miguel), Azinhaga e Pombalinho.

A actual povoação de Pombalinho assenta sobre os vestígios de uma eventual villa romana, tendo sido recolhidos vestígios de ocupação dessa cronologia em diversas ocasiões.

Considera o Vereador que "seria benéfico para o Concelho que se revitalizasse o interesse da população, sobretudo mais jovem, pelo património arqueológico da Golegã e Azinhaga, pelas origens das gentes desta terra e pela sua história mais remota".

No caso da Villa de São Miguel, na Golegã, os dados constantes no IPA, referem-na como sendo do período Romano. A estação arqueológica foi descoberta em 1945 na sequência da abertura de covas para o plantio de um pomar, tendo sido encontrado a 70cm de profundidade um mosaico a preto e branco, decorado com hastes e folhas enroladas em espiral. O sítio ocupa cerca de 1 hectare, não sendo visíveis quaisquer estruturas à superfície e nunca foi alvo de qualquer intervenção arqueológica, contudo à superfície encontram-se vários materiais romanos, de entre os quais se destacam cerâmicas de construção e comuns, como fragmentos de imbrex, de tegulae, de ânforas, terra sigillata e moedas.

Referiu ainda que trouxe este assunto à apreciação da Câmara por "ter tomado muito recentemente conhecimento da existência de trabalhos de prospecção relativamente recentes e publicados em 2005, e que apontam para a existência de vestígios de um povoado calcolítico na zona do Riba-Rio, em Azinhaga". O autor, Júlio Manuel Pereira, fez nessa altura a apresentação preliminar do "sítio arqueológico de Riba-Rio", onde recolheu um interessante conjunto de materiais de superfície, em que se incluem alguns fragmentos de cerâmica campaniforme. O sítio é interpretado como um povoado da Idade do Cobre.

Carlos Simões facultou ao restante executivo uma cópia desta publicação, datada de Julho de 2005 e da responsabilidade do Centro de Arqueologia de Almada, onde a apresentação foi feita.

O arqueossítio aí referido situa-se na margem direita do Rio Almonda, a escassa distância deste, à entrada Norte da localidade da Azinhaga (concelho da Golegã), junto à Quinta de S. João da Ventosa, num terreno com um declive muito suave para o rio, a uma altitude de cerca de 18 metros, ocupando uma área estimada de pouco mais de dois hectares. Aí, na camada arenosa clara sobrejacente a uma outra mais argilosa que recobre um terraço de baixa altitude, as lavras e sementeiras de milho puseram a descoberto abundante material lítico e cerâmico, bem como um fragmento de cobre inclassificável.

Segundo o autor, a caracterização de Riba-Rio como um povoado resulta evidente, face à extensa mancha de dispersão dos materiais e à natureza dos achados, nomeadamente a presença de cerâmica de carácter doméstico, de elementos de moagem e de pesos de pedra com entalhes, associados a actividades de tecelagem, sem prejuízo de, em certos casos, poderem ser conotados com actividades de pesca, o que aqui seria possível devido à proximidade de dois rios (Almonda e Tejo).

O Vereador propôs "que se entrasse em contacto com o autor deste trabalho, para que se possam obter mais pormenores sobre estes achados, referindo mais uma vez o grande interesse que teria para o Munícipio a promoção e divulgação deste património pela Câmara Municipal, bem como o aprofundamento dos estudos sobre o mesmo".

Outros sítios com interesse arqueológico, documentados no IPA e situados no Concelho da Golegã são:

Designação:Martim Ladrão
Tipo de Sítio:Estação de Ar Livre
Periodo/Notas:Paleolítico
CNS:4774
Topónimo:Mato de Miranda
Div. Administrativa:Santarém/Golegã/Azinhaga
Classificação:-
Descrição:Identificada juntamente com o Chamiço (Zbyzweski et al, 1970a), onde terão recolhido peças Acheulenses, a estação de Martim Ladrão desenvolve-se nos dois lados da estrada que liga Mato de Miranda a S. Vicente do Paul. A prospecção realizada no entanto, incidiu particularmente sobre uma grande saibreira situada no lado Sul. Aqui foram identificados inequivocamente materiais pertencentes ao Paleolítico Antigo. Algumas das peças apresentam, patina eólica e indícios de rolamento.

Designação:Monte Pedregoso
Tipo de Sítio:Povoado
Periodo/Notas:Calcolítico
CNS:17748
Topónimo:Monte Pedregoso
Div. Administrativa:Santarém/Golegã/Golegã
Classificação:-
Descrição:O Monte Pedregoso é uma ampla zona de aluvião, que encerra uma estação arqueológica campaniforme.

Designação:Portas de Água
Tipo de Sítio:Villa
Periodo/Notas:Romano
CNS:24219
Topónimo:Portas de Água
Div. Administrativa:Santarém/Golegã/Azinhaga
Classificação:-
Descrição:Área lavrada com excelente visíbilidade geral. Cerâmica dispersa à superfície, aparentemente atribuível ao período romano (vários exemplares de tegula e um fragmento de asa de ânfora Dressel14). Há uma maior concentração de espólio numa faixa de aproximadamente 3000m2.

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